Somos o único Laboratório de apoio Veterinário do país que processa os exames 24h, 7 dias da semana.
Artigos Técnicos Veterinários
Padronização do método para a análise de creatinina sérica
Atualmente os métodos para determinação laboratorial de creatinina sérica, utilizam ensaios colorimétricos. Estes métodos usam a como princípio a reação do picrato alcalino (Jaffé). No entando, existem algumas modificações da reação original de Jaffé, produzem resultados distintos para a mesma amostra. As reações enzimáticas utilizadas por alguns laboratórios apresentam uma maior especificidade de determinação. O padrão ouro para determinação sérica da creatinina é por ID-MS (isothope dillution mass spectometry). No entanto, trata-se de um método caro e não é passível de automação
Diante da necessidade de estabelecer métodos confiáveis, em 2006, o grupo LWG (Laboratory Working Group), patrocinado pelo governo dos EUA, através do NKDEP — NIH (National Kidney Disease Education Program — National Institutes of Health), estabeleceu padrões internacionais de calibradores para creatinina, mensurados por método de referência ID-MS. Após a padronização, os calibradores (NIST SRM967) foram disponibilizados para os fabricantes dos diversos métodos de creatinina. Essa padronização permitiu que os fornecedores calibrassem seus ensaios, adequando-os e tornando-os “rastreáveis a ID-MS”. Empresas multinacionais apresentam essa informação na bula sobre a calibração, o que garante que os ensaios realizados pelo laboratório possuem alta sensibilidade e especificidade. Os métodos com calibradores não rastreáveis aos métodos de referência ID-MS, não são adequadamente calibrados. A variação na determinação sérica, podem produzir valores 10% acima do valor real.
Na prática clínica faz muita diferença?
Certamente! De acordo com estadiamento das doenças renais agudas e crônicas proposto pela Sociedade Internacional de Interesse Renal (IRIS) para cães e gatos com base na quantificação da creatinina sérica. O paciente no Grau I apresenta valores de (<1.6 mg/dL) - Pacientes não-azotêmicos com lesão renal comprovada, oligúria/anúria fluido responsivas, proteinúria renal, aumento de creatinina: 0,3 mg/dL em 48 horas, oligúria (<1 ml/kg/hr) ou anúria por mais de 6 horas. O paciente classificado no Grau II apresenta valores (1.7 _ 2.5 mg/dL) - Azotemia leve difere do grau I por haver azotemia estática ou progressiva. Gatos com DRC em grau II podem apresentar perda de peso e apetite.
Pergunta: A creatinina for determinada em um laboratório que não participa de programa de proficiência, como consequência não tem um rígido controle de qualidade, não utiliza calibradores rastreáveis aos métodos de referência ID-MS, eu posso estadiar de forma errada meu paciente?
Resposta: Infelizmente sim! Exemplo: Paciente com valor de creatinina 1.47 mg/dL, com a variação de 10%, teríamos 1.65 mg/dL. Em outro exemplo: Paciente com valor de creatinina 1.55 mg/dL, com a variação de 10%, teríamos 1.70 mg/dL. Neste último caso o paciente já estaria classificado no Grau II. Estes raciocínio aplica-se também no monitoramento terapêutico, pois variações sutis, poderão não ser notadas.
Ainda a este fato, soma-se a inerente mediana sensibilidade da creatinina para avaliar a taxa de filtração glomerular (tFG). A avaliação da tFG é a principal mensuração utilizada para estadiar e investigar o trabalho dos nefro-glomerular. Mais pesquisas são necessárias para avaliar o melhor método para padronização dos valores de tFG em cães e gatos. Ainda não existe uma formula "padrão ouro" para determinar a tFG em cães e gatos, no entanto. Neste sentido, a Alchemypet está trabalhando na análise de regressão linear utilizando uma grande população representativa de cães adultos (diferentes raças, pesos corporais, idade e sexo), avaliando diferentes métodos de padronização. Em nossa rotina diária de bioquímica, utilizamos o analisador bioquímico da Beckman Coulter (AU480). Estes equipamentos calculam automaticamente a concentração de creatinina de cada amostra. Além disso, o método que utilizamos segue a diretriz internacional do National Kidney Disease Education Program. Além disso, o laboratório Alchemypet participa de forma interrupta desde 2019 do Programa Nacional de Proficiência em Laboratório Veterinário da Controllab. Além disso, nosso moderno sistema de gestão laboratorial inerfaciado, permite que nossos analistas concentre-se em analisar os dados liberados pelo equipamentos. Os resultados são interfaciados diretos para o sistema não necessitando de digitação. Essa modernidade reduz erros analíticos como troca de amostras e digitação erradas de resultados. Nosso moderno parque de equipamento e profissionais altamente capacitados, permite que o médico veterinário possa atuar clinicamente de forma segura.
Peake M, Whiting M. Measurement of serum creatinine—current status and future goals. Clin Biochem Rev 27: 173–184 (2006).
Rosano TG, Ambrose RT, Wu AH, Swift TA, Yadegari P. Candidate reference method for determining creatinine in serum: method development and interlaboratory validation. Clin Chem 36: 1951–1955 (1990).
Srivastava, T., Alon, U., Althahabi, R. et al. Impact of Standardization of Creatinine Methodology on the Assessment of Glomerular Filtration Rate in Children. Pediatr Res 65, 113–116 (2009).
http://www.ifcc.org/executive-board-and-council/eb-task-forces/taskforce- on-chronic-kidney-disease/
Lefebvre HP.Glomerular filtration rate in dogs and cats. Proceedings ACVIM Forum 2010; 491-493.
Reynolds BS, Boudet KG, Germain CA, Braun JPD, Lefebvre HP. Determination of reference intervals for plasma biochemical values in clinically normal adult domestic shorthair cats by use of a dry-slide biochemical analyzer, American Journal of Veterinary Research 69: 471–477 (2008).
Lefebvre HP, Jeunesse E, Concordet D, Ferre JP, De la Farge F, Laroute V, Giraudel J, Watson AD. Assessment of glomerular filtration rate using plasma exogenous creatinine clearance test: preliminary results in a healthy canine population. J.Vet.Intern.Med. 415. 2004. Ref Type: Abstract